Acontece esta semana, de 18 a 21 de março, em Cuiabá, o 3º Congresso Brasileiro de Jornalismo Ambiental. O objetivo do congresso é criar um debate entre imprensa, governo e sociedade sobre desenvolvimento e meio ambiente, ou, resumidamente: vamos falar sobre sustentabilidade. A pauta do momento.

E mesmo sendo a pauta do momento, não é uma pauta muito bem discutida.

Se você, assim como eu, lê o jornal diariamente, sabe que a pauta ambiental é rara na cobertura midiática. Nossa imprensa não está acostumada a cobrar do governo soluções para o problema ambiental. Essa semana uma entrevista com o ex-vice-presidente estadunidense, Al Gore, falava justamente sobre a facilidade de se resolver algumas das crises ambientais, basta que a sociedade cobre atitudes de seus representantes. A imprensa é um meio que a sociedade tem de cobrar essas atitudes, porém isso não é visto com frequência.

Outro objetivo do congresso é incentivar estudantes, principalmente de jornalismo, a direcionar sua produção acadêmica à área ambiental. A maioria dos estudantes de jornalismo, quando pensam em seus TCC's, por exemplo, preferem sempre seguir a linha padrão Globo [para quem opta pelo telejornal], Veja [para quem opta por revista] ou Folha/Estadão [para quem opta por jornal impresso]. O ritmo alucinado de desenvolvimento humano permite um vasto material para que seja abordado também o tema do meio ambiente nos trabalhos acadêmicos.

Faço um breve mea culpa: ao menos no meu curso, dificilmente discutimos jornalismo ambiental. É uma área mais específica do jornalismo, talvez, mas que não impede que seja um tema abordado em sala. Ou que seja ao menos mencionado aos estudantes. O 3º CBJA não foi sequer divulgado em nossa universidade, menos ainda nos meios de comunicação em geral. Com exceção do próprio portal do CBJA, alguns poucos blogs e poucos portais de comunicação, não tem como saber da existência desse Congresso.

[aproveito para pedir desculpas aos meus três leitores pelo atraso em informar a respeito do Congresso]

O jornalista e professor Wilson da Costa Bueno, em artigo publicado no Observatório do Direito à Comunicação, fala sobre o papel do jornalismo ambiental, que deve ter como principal característica seu papel denunciador. O jornalismo ambiental deve ser uma arma a ser utilizada pela sociedade para defender os interesses dessa geração e das gerações futuras. Evitar que uns poucos continuem ganhando dinheiro em cima da ignorância da massa, que desconhece os problemas ambientais de seu país.

Este ano teremos eleições. Exceto a candidata Marina Silva, já conhecida por sua defesa apaixonada das questões ambientais, veremos quantos outros candidatos vão se preocupar com o mesmo tema. E veremos quanto a nossa imprensa cobrará esse posicionamento.



[antes das críticas, já me antecedo: o título do post é meramente irônico.]

Muita gente acha que as festas do final de ano são para comemorar em família, ou beber até cair, ou dar uma sumida do mapa, organizar a casa e a vida, a agenda do próximo ano. Visitar museus, nessa época? Pode começar a pensar nisso.

Feriados são ótimos aqui em São Paulo para andar de carro. Qualquer lugar é próximo, o trânsito simplesmente desaparece e filas parecem uma lenda distante. Aproveitando que a cidade estava vazia, no Natal eu fui visitar o Museu do Futebol. E como alguém que não é uma fã incondicional do esporte, devo dizer que fiquei simplesmente encantada com o museu.

Não tem como você entrar ali e não sentir o coração bater mais forte, mesmo que você não goste tanto de futebol. Lá você conhece os principais jogadores da história do futebol mundial [e é claro, mas é ÓBVIO que o Pelé está lá. CLARO!], você pode ouvir narrações históricas do rádio, ver algumas personalidades comentando sobre os gols que marcaram a história de suas vidas. Tem também um cinema 3-D, onde é possível assistir a algumas jogadinhas de Ronaldo. O Gaúcho.

Um setor especial do museu, no qual você ganha uma hora bem fácil, é a história do futebol brasileiro associado a grandes fatos da história nacional. Ali você relembra do Chacrinha, da ditadura militar, da morte de Ayrton Senna, da explosão do É o Tchan! e seus derivados [sim, isso, goste você ou não, faz parte da história nacional]. E lembra também das vitórias e, infelizmente, das derrotas do Brasil nas Copas. Aliás, a derrota da Copa de 1950 no Maracanã tem uma "homenagem" especial.

Mas a melhor... bom, difícil falar de UMA melhor parte. O que eu vi, que me deixou arrepiada por quase meia hora, foi a homenagem às torcidas brasileiras. Um vídeo-montagem de CENTENAS de torcidas de diferentes estados, sendo projetadas direto embaixo da arquibancada do Pacaembu. Isso mesmo. Ali embaixo de onde os torcedores sofrem, gritam, pulam e comemoram, a maior homenagem que eu já vi a esses milhões de apaixonados e aficionados pelo futebol. Eu, que nem sou tão apaixonada, fiquei emocionada de verdade.

Infelizmente, não é permitido fotografar dentro do Museu. Porém vale a visita, até mesmo pelo gostinho de quero mais que fica no final, quando o visitante consegue chegar, quase entrar mesmo, no gramado do estádio. Garanto a vocês, vale a visita.

O Museu do Futebol fica na Praça Charles Miller, no Estádio do Pacaembu. Para quem vai de transporte público, fica próximo às estações Barra Funda ou Consolação do metrô. O ingresso custa R$ 6,00, estudantes pagam meia. O museu funciona de terça a domingo, com entrada das 10 às 17h.

Uma última dica: lá no estádio tem também o bar O Torcedor. Depois de visitar o museu, vale dar uma refrescada nesse ambiente extremamente agradável.

De tempos em tempos o jornalismo brasileiro... bom, não vamos restringir a vergonha alheia à terras brasileiras.

De tempos em tempos, o jornalismo nos brinda com cenas inusitadas. Algumas rídiculas, outras engraçadas, a maioria que nos deixa com aquele velho sentimento de vergonha alheia. E pra quem como eu está engatinhando nos traços do jornalismo, essas cenas ficam como dicas de "coisas-que-eu-não-quero-fazer-quando-crescer". Esta semana, repórteres da GloboNews e da Record nos presentearam com uma dessas cenas inesquecíveis.

Caso você tenha acordado essa semana, soube que na terça-feira, após dez anos de um apagão que paralisou o sudeste brasileiro, mais uma vez nossas autoridades nos deixaram no escuro. Dessa vez o impacto foi maior e mais longo, e as desculpas ainda não apareceram. Pelo menos não desculpas convincentes. Enquanto não nos derem desculpas convincentes, acredito que os jornalistas não devem dar descanso às autoridades. Por isso, pessoas como o secretário-executivo do ministério de Minas e Energia, Marcio Zimmermann, têm sido procurados constantemente para tentar dar alguma explicação plausível ao ocorrido.

Na quarta-feira pela manhã, repórteres de vários locais do país se preparavam para entrevistar o secretário-executivo em Brasília. Mas o que mais chamou a atenção neste dia não foi a entrevista do secretário e suas parcas desculpas sobre o episódio apagão. O que virou notícia foi a triste atuação das repórteres Venina Nunes [Record] e Camila Bomfim [GloboNews], que praticamente duelaram ao vivo para todo o Brasil. Tudo por uma entrevista exclusiva com o secretário-executivo Zimmerman.



Daqui podemos tirar lições simples, como a boa educação, a ética, o controle emocional, o saber ouvir e, principalmente, o saber a hora certa de discutir determinado assunto. Tudo coisas que a gente aprende fora da faculdade de jornalismo.

Mas caso você tenha passado longe dessas aulinhas em casa, quatro anos de estudo podem te ajudar a aprimorar esses conceitos. Aprimorar, veja bem, não aprender e incorporar. Porque alguém que não teve ética e educação durante toda a sua vida, não aprenderá esses conceitos em quatro anos de faculdade.

Claro, vale lembrar, estudantes de jornalismo do meu Brasil varonil: não fiquem por demais alarmados. Afinal, estamos pra conseguir a obrigatoriedade do diploma de novo. E com certeza, cenas vergonhosas como essa não serão mais rotina no jornalismo brasileiro. Ah... tinha esquecido: elas têm diploma de jornalismo.

Lamentável.

Eu sou uma jornalista sem diploma. Uma quase jornalista. Estou na metade do caminho.

Estar na metade do caminho é algo assustador, porque você já percorreu o suficiente para se orgulhar de tudo o que fez, mas não percorreu o suficiente para deixar de pensar em desistir. E tudo, tudo nesse caminho de pedras do jornalismo faz com que eu pense duas, doze, vinte vezes: estou fazendo realmente o certo? Estou no caminho que deveria estar? Posso fazer mais? Consigo fazer mais? Tenho que fazer mais?

A metade do caminho é onde geralmente, nos filmes e nos romances, nos teatros e na vida, você encontra uma bifurcação. Alguns caminhos diferentes a seguir. Geralmente, nessa parte do caminho, onde você encontra opções, você para, senta e descansa da caminhada. Reflete sobre tudo o que viveu, e tudo o que pode viver se optar pelo caminho A, B ou C. Ou outros que tenham na sua bifurcação, encruzilhada, como queiram. A metade do caminho é assustadora.

Mostra que você já percorreu muito, mas ainda falta bastante para o final. Final que, se você pensa, não é bem um final, mas apenas o começo de um outro caminho. Caminho que talvez seja mais fácil, talvez seja mais difícil, mas que você só vai saber quando chegar no final deste caminho.

E neste caminho você ainda está na metade. Eu estou na metade. Estamos na metade, e, pra falar a verdade, não me sinto pronta para percorrer a outra metade.

Muita coisa tem acontecido nesses dois anos de faculdade de jornalismo. Em muitos momentos, eu pensei em desistir. Não é pra mim, noites viradas sem conseguir escrever uma mísera matéria, não saber por onde começar a cobrir sua pauta, odiar consideravelmente o PageMaker [e agradecer a todos os deuses que excluíram essa maldição do mundo do jornalismo], estar na frente de um entrevistado e só pensar "e agora?". Percorrer mundos e fundos e não conseguir nada para uma matéria que já deveria ter sido entregue. Ver que o caminho parece mais fácil para todos, menos para você. Isso definitivamente não é pra mim.

Mas aí acontecem coisas... de repente, uma matéria que parecia impossível acontece, de repente você conhece pessoas que, fora do curso, você não teria a oportunidade de conhecer, de repente você escreve a matéria que faz até seu cachorro sentir orgulho de você. Então surgem os facilitadores do caminho, surgem os contatos, surgem as oportunidades de mostrar seus [poucos] talentos. Surge uma vontade de fazer e ser melhor. E então você resolve continuar.

Eu resolvi continuar.

Com ou sem diploma, quem faz jornalismo, e gosta do que faz, gosta das noites mal dormidas, gosta do estresse emocional, gosta do desespero de não saber se cumprirá com o deadline, gosta de correr atrás da notícia e fazê-la chegar a público... com ou sem diploma, o jornalista de verdade não desiste.

Estou saindo da metade do caminho. Vocês me acompanham?

Não é o intuito deste blog recomendar qualquer livro aleatório, né, afinal, temos aqui um blog que fala sobre o jornalismo e tudo mais. Mas estamos de férias da faculdade né? Eu sei que o jornalismo não tira férias, mas por enquanto eu tiro, e faço algumas leituras mais leves, justamente por saber o que me espera lá na frente.

Uma das grandes diversões que eu tenho na vida é andar por livrarias. Adoro, realmente, deve ser um mal que nasceu na minha infância. E com essa onda de super-livrarias, em que o cliente se sente praticamente na biblioteca de casa, me sinto muito à vontade para passar horas passeando. Numa dessas andanças, descobri o livro Eu receberia as piores notícias dos seus lindos lábios, de Marçal Aquino. O título já me chamou a atenção, é uma declaração de amor. Resolvi lançar mão de uma velha tática, ler duas páginas do livro pra ver o que eu achava.

Não foi preciso ler duas páginas. Comprei o livro, e simplesmente mergulhei nessa história de amor e loucura criada por Marçal de Aquino. Não tem como você não experimentar os sentimentos vividos pelo fotógrafo Cauby, saído de São Paulo para ganhar dinheiro na região do garimpo, no norte do país. Não tem como se compadecer da história de amor e frustração do velho Altino [ainda mais eu, que me identifiquei bastante com o seu fracasso amoroso, hehehehe], ou não imaginar a beleza sensual e controversa de Lavínia, alvo do amor, paixão e loucura de Cauby.

O livro brinca com o tempo de uma forma que eu sempre gostei muito, principalmente em filmes. Ele narra a história no presente, com spots do passado dos personagens, de como eles chegaram até aqui, porque decidiram ficar na cidade, pequenos vislumbres de como está a vida deles hoje. Um estilo meio Brilho eterno de uma mente sem lembranças, em que aos poucos você vai descobrindo o que aconteceu com cada um.

Uma história de amor precisa necessariamente ter final feliz? E o que seria o tal "final feliz", que os enamorados tanto propagam? E essa história, que envolve amor, loucura, traição e violência, numa cidade vivendo a corrida pelo ouro, o que seria o final feliz num cenário como este?

"O que acontece é que, quando estou com você, eu me perdôo por todas as lutas que a vida venceu por pontos, e me esqueço completamente que gente como eu, no fim, acaba saindo mais cedo de bares, de brigas e de amores para não pagar a conta. Isso eu poderia ter dito a ela. Mas não disse.(...)
Vivíamos o fim da nossa história, mas só eu sabia disso. E não deixei transparecer. Conversamos amenidades por um tempo, relaxados, dentro do Corcel de Chang estacionado em frente da casa. O pastor voltaria de viagem naquele dia - e a possibilidade de que pudesse chegar a qualquer instante e nos surpreender ali não parecia afetar Lavínia. Antes de entrar, ela ainda terminou de me contar, em detalhes, uma longa história sobre a avó, sua amada avó. Estava descendo do carro com o mochilão verde-oliva, depois de me beijar no rosto, na hora em que perguntei:
Já pensou se ele descobre?
Lavínia ruminou a questão por um momento, junto com o chiclete que tinha na boca. Então fechou a porta do Corcel e se debruçou na janela, para me presentear com uma bola e, depois que a estourou, com uma revelação:
Não se preocupe. Ele sabe."
[trecho do livro "Eu Receberia As Piores Notícias Dos Seus Lindos Lábios, de Marçal Aquino, Cia. das Letras, 2005, 4ª edição, págs 154; 161-162]

No mais, o autor ainda nos presenteia com trechos de um estudo sobre o amor, feito pelo professor Benjamin Schianberg. Gostei tanto de algumas das coisas que eu li sobre o tal estudo que fui pesquisar, obviamente, no pai Google, que tudo sabe, tudo viu. Pois o pai Google nunca soube, nunca viu nem ouviu falar desse tal Schianberg. Personagem criado por Aquino exclusivamente para estrelar as páginas do seu romance, Schianberg nos lança algumas pérolas sobre o amor, algumas das quais eu concordo e repasso para vocês.

"De acordo com o professor Schianberg (op. cit.), não é possível determinar o momento exato em que uma pessoa se apaixona. Se fosse, ele afirma, bastaria um termômetro para comprovar sua teoria de que, nesse instante, a temperatura corporal se eleva vários graus. Uma febre, nossa única sequela divina. Schianberg diz mais: ao se apaixonar, um 'homem de sangue quente' experimenta o desamparo de sentir-se vulnerável. Ele não caçou; foi caçado"

"Queremos o que não podemos ter, diz o professor Schianberg, o mais obscuro dos filósofos do amor. É normal, saudável. O que diferencia uma pessoa de outra, ele acrescenta, é o quanto cada um quer o que não pode ter. Nossa ração de poeira das estrelas."

"O trecho está grifado no livro. Nele, o professor Schianberg dá voz a Nietzsche - 'Há sempre um pouco de loucura no amor, mas há sempre um pouco de razão na loucura' -, para depois contestá-lo, lembrando que na loucura dos amores contrariados não há espaço nenhum para a razão, apenas para mais loucura."

"Em O que vemos no mundo, aprecio o capítulo em que o professor Schianberg fala da primeira vez que despimos certas mulheres. Com algumas, é sempre a primeira vez, diz o lunático mestre. Não se deve ter pressa, ele ensina no capítulo intitulado 'Vestir e despir o mundo'. Olhando aquela mulher atravessar a rua na chuva, pensei: eu daria um dedo para arrancar o vestido verde que ela está usando. Um dedo não. Dois. (E acabei dando mais. Meus ossos, todos)."
[trecho do livro "Eu Receberia As Piores Notícias Dos Seus Lindos Lábios, de Marçal Aquino, Cia. das Letras, 2005, 4ª edição, págs 14-15; 22; 25-26]

Se você está buscando um romance não convencional, desses em que eles se casam e são felizes para sempre, vale a leitura. Diferente daquelas histórias de amor em que todas as pessoas parecem normais [seja lá o que exatamente signifique "ser normal"], em que tudo conspira a favor do amor, e que você já imagina o final... um livro que me surpreendeu, mais do que eu esperava ser surpreendida.

[no dia que comprei este livro, achei algo que, assim que terminar de ler, vou dividir aqui com vocês também. por enquanto, fica a surpresa. Mas tem a ver com esse livro]

Anime-se!


Acontece de 22 a 26 julho em São Paulo a 17ª edição do festival Anima Mundi, que traz exibições de curtas, médias e longas-metragens animados, exposições, fóruns, oficinas, workshops e premiações, onde algumas contam com a votação do Júri Popular, e outras com um colegiado de especialistas em diversas áreas envolvidas com animação. O público pode ainda,criar seu próprio filme com a oficina Estúdio Aberto, são usadas massinhas de modelar, animação com areia e película entre outras técnicas, os participantes podem ver seus vídeos exibidos num telão ou fazer o download pelo próprio site do festival.

O festival ocorrerá entre o Memorial da América Latina, e o Centro Cultural do Banco do Brasil. No auditório do CCBB as exibições serão gratuitas e no Memorial, o valor é acessível, sendo que serão disponibilizadas meia entradas, e crianças a partir dos 8 anos de idade podem participar das atrações, inclusive de algumas das oficinas.

Mais informações sobre a programação e o festival podem ser encontradas no site:

http://www.animamundi.com.br/default.asp

Veja o Trailer de “As aventuras de Gui & Estopa”, uma das animações que farão parte do festival.

Após um breve hiato nas postagens deste blog [por motivos de provas, trabalhos e exames], estamos sentindo as férias chegando de mansinho. Isso não significa que as postagens vão continuar em segundo plano, pelo contrário! Vamos intensificar o movimento, dando dicas de passeios culturais, filmes e teatro e cursos rápidos para vocês aproveitarem as férias.

Já falamos do Noitão do HSBC anteriormente neste blog. Nesta última sexta-feira, 12 de junho, estivemos novamente no Noitão, desta vez comemorando os cinco anos do evento. Foi legal o depoimento dos organizadores, antes do primeiro filme começar: o Noitão começou também num dia dos namorados, em 2004, com apenas 80 espectadores. Nesta sexta, foram mais de 1000 espectadores! Sim, aqui em São Paulo, mesmo em uma noite dos namorados fria como foi o dia 12, o Noitão ainda faz muito sucesso!

A mesma fórmula de sempre, você assiste três filmes na noite, sendo que um é uma surpresa [que também foi um filme muito bom, posso falar dele depois]. Dentre eles, A Onda, filme alemão baseado no episódio A Terceira Onda - O Experimento.

O filme conta a história do professor de história contemporânea Wenger, adorado pelos alunos [aquele típico professor moderninho, amigo dos alunos]. Wenger resolve fazer uma experiência com sua sala de aula, na semana temática. Tentando explicar aos alunos o tema "autocracia", ele começa a ditar regras novas para as aulas, como a postura correta, o correto tratamento aluno-professor, o uso de uniforme, e até mesmo um cumprimento pessoal entre os alunos do grupo, que se auto-denominaram "A Onda".

A princípio, ele tenta demonstrar a ideia de autocracias como o nazismo e o fascismo, que ensinam 'o poder através da disciplina'. Com o passar da semana temática, ele passa a ensinar 'o poder através da união'. Os alunos do grupo passam a se defender de outros grupos, marcar sua presença pela cidade através de pichações, organizam festas e discriminam aqueles que não fazem parte d'A Onda. É claro que, com o passar do tempo, a experiência passa do sentido pedagógico para o sentido real.

Até por ter sido produzido na Alemanha, o filme, assim como o experimento [que foi real, e aconteceu em 1967, nos EUA], tem o claro objetivo de mostrar que não estamos livres das garras de uma ideologia imposta. Muitas vezes nos perguntamos como puderam acontecer o nazismo e o fascismo, como as pessoas se convenceram por discursos tão autoritários e racistas. Pois bem. Não somos todos influenciáveis?

Foi o último filme que vimos no Noitão deste mês. Foi um filme tenso, perto dos outros dois que assistimos, mas que nos fez refletir. E que eu recomendo, para quem gosta dos estudos sobre autocracias e ditaduras, para quem gosta de um filme bem construído [não é cansativo], quem gosta de filmes cults, enfim. Para quem tem curiosidade em ver que uma ideia simples pode ser perigosa, se conduzida de forma errada. E nas mentes erradas.

O filme tem estreia marcada no Brasil para o dia 10 de julho, e assim que sair, informo para vocês em quais salas estarão disponíveis.

Por enquanto, fiquem com o trailer do filme:


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