Seguindo minhas tendências de leituras, continuo escolhendo livros escritos por jornalistas. O livro não necessariamente precisa falar de jornalismo [chega uma hora que é preciso descansar a mente], nem necessariamente precisa ser jornalismo investigativo [se bem que o próximo é mais ou menos nessa linha]. De qualquer forma, como ando cumprindo minha intenção de ler dois livros por mês, de vez em quando vou compartilhar dicas de leituras com vocês.

Terminei de ler "Querido Menino", do jornalista David Sheff, essa semana. O livro foi meio que um presente indireto das meninas do blog Bebendo Fumaça, por eu ter sido uma comentarista bem... assídua no ano passado! De qualquer forma, elas me presentearam com um vale-presente da Livraria Saraiva, e acabei escolhendo este livro como presente. Por que eu escolhi esse livro, o que me chamou a atenção nele, além do fato do autor ser jornalista?

O nome completo do livro é Querido Menino - A jornada de um pai com um filho viciado. E devo dizer a vocês que o assunto drogas desde sempre me chamou a atenção. Primeira vez que eu li a respeito foi nos livros do grande Pedro Bandeira, com seu mega sucesso A Droga da Obediência; desde então, já li muitos livros que falam a respeito das drogas, seja o uso, seja o tráfico, seja a luta da família para tirar um ente querido deste submundo, como é o caso do livro de David Sheff.

O filho mais velho de David, Nic, é um garoto normal, excelente aluno, de uma inteligência e criatividade ímpares. Apesar dos pais serem separados, ele não foi em momento algum privado do amor incondicional que só os pais podem dar a seus filhos. Nada disso impediu Nic de experimentar drogas. Primeiro fazendo uso daquelas consideradas "leves", como maconha e álcool, até passar para aquelas drogas mais pesadas, como a heroína e a metanfetamina. No livro, David conta não apenas a história de sua família, toda a dor e o sofrimento que ele, sua esposa, seus filhos pequenos, a ex-esposa, os amigos e os conhecidos. Durante todo esse longo trajeto do vício de Nic, ele conversou com vários especialistas em combate às drogas, estudiosos dos efeitos nocivos da droga e pesquisas de cunho medicinal e social.

Toda essa experiência do sofrimento e do aprendizado, David compartilha conosco através desse livro. Em várias passagens, ele reafirma aquilo que acredito ser uma verdade para muitas pessoas, principalmente nós, jornalistas: escrever é um remédio. Funciona como uma válvula de escape, um jeito de extravasar sofrimentos e encontrar pessoas que entendam essa dor. E que possam nos ajudar, e que nós possamos ajudar essas pessoas.

Tem vários trechos do livro que me emocionaram, me chocaram e que me fizeram indicá-lo como leitura saudável para os poucos que ainda acreditam no Sado. Mas, de tudo, ficou um trecho em particular, onde David nos conta como ele aprendeu a encarar a dor que passava não apenas pelos familiares, mas que era mais forte ainda para Nic. A cada recaída, Nic sofre mais do que todos. E uma frase em particular, que vale para todos nós, independente da dor que enfrentemos a cada dia:

"Não me confronte com os meus fracassos: eu ainda não os esqueci."

[O blog esteve muito tempo desatualizado. Diferente do prometido em janeiro, eu estive em período de férias agora em março e não fiz absolutamente nada do que havia planejado para o blog. Peço antecipadamente desculpas àqueles que ainda acompanham e acreditam no potencial deste blog. Eu sou uma dessas pessoas.]

6 comentários:

Fica a dica!

Li "Mate-me por favor" biografia de várias figuras do rock anos 70 (ou seja, muitos ou quase todos drogados). Depois comecei uma saga de filmes que falam do tema:

-Eu, Christiane F, 13 anos drogada e prostituída. o.O

- Trainspotting (mano, esse filme é FODAAAAA, assista pelo amor de Deus, é do mesmo diretor do "Quem quer ser um milionário" o Daniel Boyle).

- Candy (legalzinho)

E uma infinidade de filmes que tratam do tema, eu devo ter obsessão.

Gosto de bater de frente com esse tipo de realidade que me choca.

17 de março de 2009 às 10:54  

Vou procurar este livro. Você sabe, no meu trabalho praticamente todos os meninos que a gente atende são viciados ou estão perto de se tornarem tais. Gostei da dica, Aninha.

17 de março de 2009 às 12:37  

Vc já me falou desse livro. Eu já li A Droga da Obediência tb...Acho que todas crianças deveriam ler.

17 de março de 2009 às 14:43  

Gostei do seu blog, você escreve bem. :)

O livro parece ser interessante, tava precisando de uma sugestão de leitura mesmo.

17 de março de 2009 às 22:10  

Parece mesmo uma boa leitura. E eu li "A Droga da Obediência" a muito tempo, talvez tenha sido minha primeira leitura séria, sem bla bla bla ou milhares de imagens.

18 de março de 2009 às 18:01  

Olá, e vc sabia que o Nic, filho do David, escreveu um livro falando na sua vida de drogado??

21 de maio de 2009 às 12:12  

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