Faz um tempo que eu li na Folha, mas hoje eu vi na capa do portal G1, e achei que seria um bom tema para discussão. Quem está na faculdade hoje em dia, obrigatoriamente passou pela via crucis do vestibular. Quem, como eu, já tentou o vestibular para universidades públicas, sabe que a concorrência é cruel. Quem nunca tentou, eu acredito que valha como experiência e tentativa.

Vestibulares de universidades públicas têm o estigma de serem os mais difíceis, justamente por serem mais concorridos, pela qualidade do ensino ser diferenciada e, claro, porque as universidades querem os melhores alunos. Não que eu ache que o fato de você ter passado num vestibular dificílimo vá garantir que você será um excelente representante do corpo discente da universidade X ou Y. Mas o certo é que, a grande maioria dos que são aprovados nesses vestibulares, vieram de escolas públicas, ou tiveram a oportunidade, como eu, de estudar em cursinhos pré-vestibulares.


A proposta atual do MEC é que o vestibular das universidades federais seja unificado. Ou seja, você presta uma única prova e pode escolher em qual federal você quer estudar, se aqui em São Paulo ou lá no Ceará, por exemplo. A prova unificada seria o ENEM, aquela prova que os alunos do 3º ano do ensino médio fazem, e que atualmente ajuda o MEC a analisar a qualidade do ensino médio, uma pré-seleção dos alunos favorecidos pela bolsa PROUNI, e também é usado como uma nota adicional em muitos vestibulares.

Claro que a estrutura da prova seria modificada. A proposta inicial do MEC é que o número de questões passe do atual 63 para 200, além da redação. A prova seria feita em dois dias, como muitos dos vestibulares tradicionais, e incluiria questões de linguagens [português, inglês e redação], matemática, ciências humanas e ciências da natureza. Como as universidades federais possuem autonomia, caberia à elas decidirem se aceitam ou não essa modalidade de acesso.

Acho justo querer unificar os vestibulares. Muita gente gostaria de tentar o ingresso em uma UNIFESP, UFRJ e UFSCar, por exemplo, mas todas as provas são no mesmo dia, ou muito próximas, impossibilitando o deslocamento do aluno. Como são todas universidades federais, a opção de prestar todos ao mesmo tempo, e depois escolher em qual gostaria de ingressar [como funcionam os concursos públicos] é uma ideia a ser estudada.

A forma de seleção, no entanto, ainda precisa ser discutida. Já faz alguns anos que eu não faço a prova do ENEM, mas lembro que o seu nível de dificuldade não era lá muito "aceitável" para substituir uma FUVEST, por exemplo. Não que eu acredite que o vestibular tenha que ser difícil. Mas tem que selecionar.

O MEC anunciou a proposta hoje. Os reitores das federais ainda vão se reunir para discutir o assunto. Como quase toda a proposta que pretende mudar os rumos da educação nesse país, com certeza o assunto ainda vai durar. Mas se você gosta da proposta e queira vê-la aprovada rapidamente, mova-se! Reúna seus amigos, brade aos quatro ventos, manifeste-se! Se você não gostou da proposta, vale também. O que não vale é você me dizer que "ah, já passei dessa fase, não tenho nada a ver com isso". Quando se trata de assuntos de educação, todos nós temos muito que ver com isso.

A obrigatoriedade ou não de diploma para o exercício do jornalismo continua sendo uma briga feia. Bom, ainda não tão feia. Digo ainda porque provavelmente na quarta feira as coisas requentem um pouco mais. Como já foi dito aqui, dia 01 de abril será votada no STF o fim da obrigatoriedade do diploma de jornalista.

Pois bem, essa é uma questão que divide inclusive os jornalistas. O que eu acho? Que há casos e casos. É humanamente impossível que o jornalista formado na faculdade aprenda todas as funções exercidas em uma redação jornalística. Claro que o cara formado em jornalismo, com todas as suas lições de ética e construção de notícias e criação de reportagens, terá uma visão diferente de um fotógrafo, por exemplo, na hora de escolher o melhor ângulo para a capa do jornal.

Assim como o cara formado em economia tem um jeito diferente de analisar a situação econômica do país. Assim como o cara formado em cinema pode fazer uma crítica de filme de uma forma mais profunda. E vai me dizer que isso não é jornalismo? Vai me dizer que as análises econômicas, esportivas e culturais vão ter que sumir dos jornais porque "não são jornalistas que as fazem"? Não tem jeito, é preciso criar exceções.

Se você disser, olha Ana P., o diploma vai ser obrigatório pro foca, pr'aquele cara que corre atrás da reportagem, praquele que passa dias sem dormir investigando, que fica caçando as fontes para não errar nenhum dado, aí eu vou dizer "humm, então é fato, você está certo, o diploma tem que ser obrigatório".

Mas dá para separar? Dá para dizer quem precisa e quem não precisa de diploma? Isso não iria de encontro com alguns itens de nossa Constituição? Isso não seria a pura e simples discriminação?

E eu ainda continuo acreditando que esse negócio de ter colocado a votação para o dia 01 de abril só pode ser sacanagem! E se você quiser ler uma análise mais aprofundada da coisa, leia o que saiu no Globo hoje, sobre a divisão dos jornalistas contra e a favor do diploma.

Vocês? Alguma opinião formada?

Como eu disse ontem à vocês, vou tentar aqui explicar um pouco do que é a Lei da Imprensa atual, e do que as entidades ligadas à comunicação esperam dessa nova Lei da Imprensa. Todas as opiniões aqui expressadas estão baseadas em análise que eu li no Observatório do Direito à Comunicação, portal, aliás, altamente recomendável para os comunicólogos em geral.

A Lei da Imprensa, que veio lá de 1967 [anos de chumbo e pans], apesar de ter alguns artigos que, segundo a FENAJ [Federação Nacional dos Jornalistas], podem e devem ser mantidos, ainda apresenta um formato autoritário e antiquado para o pleno exercício do jornalismo, como a prisão de jornalistas, ou a apreensão e fechamento de redações. O que a FENAJ sustenta é que sejam revogados alguns desses artigos e mantidos os outros, até que se discuta no Congresso Nacional um novo texto, que seja democrático e coerente com os dias vividos hoje.

O objetivo da Lei não é impor limites à liberdade de expressão ou mesmo cercear alguns dos direitos da mídia com relação ao que ela publica ou deixa de publicar. A Lei vem para regulamentar um serviço que, afinal, é público. O espaço público aonde se divulgam as notícias não pode nem deve ser uma 'casa da mãe Joana', aonde todos fazem o que querem, sem se responsabilizar por nada do que é dito ou escrito. Em compensação, não dá para conviver com uma lei atrasada, cheia de artigos que já não têm mais fundamento, e que acaba por beneficiar alguns grandes grupos midiáticos, em detrimento de outros.

Muito melhor do que revogar todos os artigos e incluir no lugar uma lei que talvez ainda não tenha sido devidamente discutida na sociedade [que deveria ser a principal interessada nesse assunto], é, como apoia a FENAJ, tirar do ar alguns dos artigos mais contradizentes com a atual imprensa, e colocar essa discussão em pauta. Nas grandes mídias, nos jornais, revistas, rádios e televisão.

Porque enquanto a sociedade continuar mantida fora da discussão sobre a imprensa, qualquer palavra, que não democracia, poderá ser aplicada a qualquer que seja a Lei instituída.

É chegado o momento

Dia 01 de abril próximo será um dia importante para o jornalismo brasileiro. Estudantes, profissionais e toda a sociedade devem estar atentos, pois o STF [Supremo Tribunal Federal] terá em sua pauta neste dia dois assuntos de suma importância: o julgamento da ação que pede a revogação da Lei da Imprensa e também da ação do Ministério Público Federal, que pede o fim da obrigatoriedade do diploma para a prática do jornalismo.

A Lei da Imprensa data de 1967 [para quem não se recorda, ou não era nascido na época, a Lei foi instituída em plena ditadura militar] e foi criada para regular a liberdade de manifestação do pensamento e de informação. O PDT [Partido Democrático Trabalhista], autor da ação pelo fim da Lei da Imprensa, afirma que a lei viola vários preceitos constitucionais, e deve ser totalmente revogada.

A obrigatoriedade do diploma para exercício do jornalismo é um tema que levanta discussões calorosas. A favor ou contra, os argumentos são completamente válidos, e eu mesma, que tinha uma opinião mais ou menos formada a respeito do assunto, não sei dizer se eu sou pela obrigatoriedade ou não. O certo é que, desde novembro de 2006, a obrigatoriedade do diploma está suspensa, e profissionais que já atuavam na área mas não possuem diploma podem exercer livremente o jornalismo.

Eu ainda acredito que as duas questões não serão resolvidas rapidamente, ainda mais sendo as duas marcadas para esta data tão... sugestiva! Mas não custa nada esperar pra ver, e no decorrer desses dias vou tentar postar algumas coisas sobre a Lei da Imprensa e o maledeto diploma. Fiquem atentos, e podem me cobrar!

Profissão Perigo

Meus quatro leitores [sim, de ontem pra hoje chegaram mais dois leitores, sejam bem-vindos!] provavelmente não irão se lembrar, mas entre os anos 1980 e 90 era transmitida no Brasil uma séria chamada Profissão: Perigo. Mais conhecida internacionalmente como MacGyver, um ex-agente secreto que escapava dos perigos sempre de forma inteligente e perspicaz. Seu nome hoje é até uma espécie de gíria, para aquelas pessoas fortes, que não "morrem" em problema nenhum e que resolvem problemas dificílimos com o menor número de ferramentas possíveis. MacGyver passava pelos perigos mais esdrúxulos e nunca morria. Ele era o Chuck Norris da televisão.

Hoje em dia, agente secreto já não é mais tão profissão perigo. Existem outras profissões muito mais perigosas, apesar da simplicidade que elas aparentam. O jornalismo é uma delas. Não é de hoje que lemos notícias sobre jornalistas mortos em coberturas de guerras, em países onde a liberdade de imprensa é reprimida violentamente. Quem diria, então, que o Brasil, que gosta tanto de conclamar a liberdade de expressão, figuraria numa lista de países onde o exercício do jornalismo é arriscado? Sim. Nosso querido país está entre os 14 países mais perigosos para os jornalistas.

Essa lista é elaborada pelo Comitê para a Proteção do Jornalista, ONG que se baseia em Nova Iorque e defende a liberdade de imprensa em todo o planeta. É a primeira vez que o Brasil figura na lista, ficando em 13º lugar. Os três primeiros da lista são Iraque, Serra Leoa e Sri Lanka, países tradicionalmente violentos por conta das várias guerras sofridas ao longo dos últimos anos.

Na última década, cinco jornalistas foram assassinados no Brasil, e os casos não foram solucionados pelas autoridades, segundo o CPJ. O caso citado no relatório é o do jornalista Luiz Carlos Barbon, que denunciou, em 2003, esquema de aliciamento de menores envolvendo vereadores no município de Porto Ferreira, em SP. O jornalista foi morto em 2007, e o caso ainda não foi completamente solucionado.

Li a notícia hoje na Folha de S. Paulo [disponível apenas para assinantes do jornal, ou do Portal UOL], e um resumo está disponível também no portal Comunique-se. Tudo o que posso dizer é que o jornalismo investigativo pode ser perigoso, sim, mas que pode ser gratificante. Afinal, toda e qualquer profissão tem seus riscos. Precisa apenas ver até onde você está disposto a ir em defesa da verdade. Ou de uma suposta verdade.

Twittando

E eis que o que muitos acreditavam não ser lá muito possível, aconteceu: o Twitter é, afinal, uma ferramenta de comunicação muito além do puro e simples "o que você está fazendo agora". O mote principal do Twitter foi deixado para trás pelos próprios usuários do sistema. Claro que ainda tem muita gente postando coisas agradáveis como "acabei de sair do banheiro, acabou o papel". Muito além disso, os usuários do Twitter compartilham notícias, fotos, músicas, pensamentos, ideias. Como qualquer grande rede social.

A graça é que os grandes portais de comunicação e muitos jornalistas estão descobrindo no Twitter um auxiliar de divulgação das principais notícias publicadas nos sites. O último a se render a esta mania foi o Comunique-se. Quem quiser "seguir" os passos do portal pelo Twitter, é só clicar neste link e dar um 'follow', que todas as vezes que algo for atualizado, você receberá na sua home do Twitter.

Outro que também está pelo Twitter é o jornalista Ricardo Noblat. No mesmo esquema do Comunique-se, Noblat usa o Twitter para avisar os seus "seguidores" das atualizações no blog, além de pequenos comentários sobre os links.

Recentemente eu falei no Chapa Branca sobre o pioneirismo do senador e ex-candidato à presidência dos EUA, John McCain, ao conceder uma entrevista pelo Twitter. Apesar da limitação de caracteres [140 por postagem, pouco pra quem fala demais como eu], o senador respondeu a dez perguntas formuladas pelo jornalista George Stephanopoulos [nome bonito, não?], da rede ABC. Perguntas sugeridas por usuários do Twitter e respostas, obviamente, concisas. Mas não deixou de ser uma entrevista, e a primeira realizada pelo Twitter.

Bom, caros dois leitores, se vocês ainda não conhecem o Twitter, deem uma passada pela página principal, e também não deixem de seguir o Sadojornalismo, e caso lhes interesse um pouco de caos e desordem em vossas vidas, sigam a esta que vos fala também.

E lá vamos nós divulgando mais uma ideia que pode dar certo. Aliás, que tem tudo para dar certo. Muitas vezes os estudantes de jornalismo são deixados de fora de discussões importantes como a regulamentação da profissão, a reformulação da Lei da Imprensa, e outros assuntos de relevância para quem já está e para quem ainda vai fazer parte deste submundo delicioso.

E aí? Como podemos reivindicar um espaço maior, como podemos cooperar com essas discussões, como podemos mostrar que, apesar de inexperientes, nossa cabeça tá cheia de ideias que, com um pouco mais de elaboração, podem ser aproveitadas? No Rio Grande do Sul, o Sindicato dos Jornalistas pegou essa deixa e fundou no último sábado (14/03) o Núcleo de Estudantes de Jornalismo, cujo objetivo é despertar nos estudantes o sentimento de categoria profissional.

A ideia partiu da percepção quanto ao interesse dos estudantes de jornalismo da PUC-RS, que em dezembro passado procurou o sindicato, pedindo auxílio para que pudessem participar do Encontro Nacional de Estudantes de Jornalismo, na BA. A partir daí, o sindicato resolveu tirar o projeto da gaveta e colocá-lo em prática, sem, no entanto, interferir nas entidades estudantis do Estado. Para os estudantes, uma oportunidade de discutir pautas como a luta pelo diploma e as diretrizes curriculares do curso.

Por enquanto, o grupo ainda está sendo formado, sendo que neste sábado, 21/03, ainda haverá uma reunião para definir a coordenação do grupo. O objetivo é colocar pelo menos um representante de cada um dos 18 cursos de jornalismo do Estado.

Você duvida ainda da capacidade de mobilização dos estudantes? Mas também, não basta ter uma ideia, é preciso correr atrás. Eu tenho fé nos estudantes do RS e digo mais: acredito que eles devem servir de exemplo para que nós, estudantes de outros estados, também façamos nossa parte e lutemos pelo nosso espaço.

Para saber mais, clique aqui. A notícia veio direto do Portal Comunique-se, e para acessá-lo, você deve fazer sua inscrição. Não dói, não mata e nem tomará muito tempo de sua vida.

Aqui neste blog já falamos sobre como atrair mais jovens à leitura. Uma das ideias era fazer com que o jornal fosse mais dinâmico, menos sisudo, sem perder a seriedade que, afinal, é o que leva qualquer veículo a uma credibilidade crescente. Mas seriedade não é sinônimo de chatice, e vez por outra o jornalismo nos delicia com ideias incrivelmente simples, porém originais e que podem trazer mais leitores para suas páginas.


Encontrei hoje no blog do Sakamoto a história do João Buracão. João nasceu no Rio de Janeiro, fruto da revolta de um morador de Marechal Hermes, que vinha reclamando há tempos para a prefeitura sobre um buraco em sua rua. Não aguentando mais o descaso da prefeitura na resolução do problema, este morador criou o boneco João Buracão. Quando da cobertura do fato, o Jornal Extra resolveu abraçar a ideia do boneco e, desde então, João Buracão tem feito denúncias dos problemas semelhantes enfrentados pelos cidadãos cariocas em toda a cidade.

O boneco já foi recebido inclusive pelo prefeito da cidade do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, e, como muitos jornalistas investigativos, João chegou a ser agredido por homens acompanhados do irmão da prefeita de São Gonçalo, Aparecida Panisset. Tudo isso acaba aumento a visibilidade de João Buracão, que hoje conta com blog exclusivo, onde são divulgadas algumas fotos e reportagens de João.

Uma forma diferente de fazer jornalismo, que não ofende e ainda faz com que os cidadãos interajam com o jornal. E coloca os governantes em maus lençóis, afinal, o leitor passa a acompanhar com mais regularidade as denúncias do boneco João Buracão.

Fica a dica dos nossos colegas cariocas.

Seguindo minhas tendências de leituras, continuo escolhendo livros escritos por jornalistas. O livro não necessariamente precisa falar de jornalismo [chega uma hora que é preciso descansar a mente], nem necessariamente precisa ser jornalismo investigativo [se bem que o próximo é mais ou menos nessa linha]. De qualquer forma, como ando cumprindo minha intenção de ler dois livros por mês, de vez em quando vou compartilhar dicas de leituras com vocês.

Terminei de ler "Querido Menino", do jornalista David Sheff, essa semana. O livro foi meio que um presente indireto das meninas do blog Bebendo Fumaça, por eu ter sido uma comentarista bem... assídua no ano passado! De qualquer forma, elas me presentearam com um vale-presente da Livraria Saraiva, e acabei escolhendo este livro como presente. Por que eu escolhi esse livro, o que me chamou a atenção nele, além do fato do autor ser jornalista?

O nome completo do livro é Querido Menino - A jornada de um pai com um filho viciado. E devo dizer a vocês que o assunto drogas desde sempre me chamou a atenção. Primeira vez que eu li a respeito foi nos livros do grande Pedro Bandeira, com seu mega sucesso A Droga da Obediência; desde então, já li muitos livros que falam a respeito das drogas, seja o uso, seja o tráfico, seja a luta da família para tirar um ente querido deste submundo, como é o caso do livro de David Sheff.

O filho mais velho de David, Nic, é um garoto normal, excelente aluno, de uma inteligência e criatividade ímpares. Apesar dos pais serem separados, ele não foi em momento algum privado do amor incondicional que só os pais podem dar a seus filhos. Nada disso impediu Nic de experimentar drogas. Primeiro fazendo uso daquelas consideradas "leves", como maconha e álcool, até passar para aquelas drogas mais pesadas, como a heroína e a metanfetamina. No livro, David conta não apenas a história de sua família, toda a dor e o sofrimento que ele, sua esposa, seus filhos pequenos, a ex-esposa, os amigos e os conhecidos. Durante todo esse longo trajeto do vício de Nic, ele conversou com vários especialistas em combate às drogas, estudiosos dos efeitos nocivos da droga e pesquisas de cunho medicinal e social.

Toda essa experiência do sofrimento e do aprendizado, David compartilha conosco através desse livro. Em várias passagens, ele reafirma aquilo que acredito ser uma verdade para muitas pessoas, principalmente nós, jornalistas: escrever é um remédio. Funciona como uma válvula de escape, um jeito de extravasar sofrimentos e encontrar pessoas que entendam essa dor. E que possam nos ajudar, e que nós possamos ajudar essas pessoas.

Tem vários trechos do livro que me emocionaram, me chocaram e que me fizeram indicá-lo como leitura saudável para os poucos que ainda acreditam no Sado. Mas, de tudo, ficou um trecho em particular, onde David nos conta como ele aprendeu a encarar a dor que passava não apenas pelos familiares, mas que era mais forte ainda para Nic. A cada recaída, Nic sofre mais do que todos. E uma frase em particular, que vale para todos nós, independente da dor que enfrentemos a cada dia:

"Não me confronte com os meus fracassos: eu ainda não os esqueci."

[O blog esteve muito tempo desatualizado. Diferente do prometido em janeiro, eu estive em período de férias agora em março e não fiz absolutamente nada do que havia planejado para o blog. Peço antecipadamente desculpas àqueles que ainda acompanham e acreditam no potencial deste blog. Eu sou uma dessas pessoas.]

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