Profissão Perigo

Meus quatro leitores [sim, de ontem pra hoje chegaram mais dois leitores, sejam bem-vindos!] provavelmente não irão se lembrar, mas entre os anos 1980 e 90 era transmitida no Brasil uma séria chamada Profissão: Perigo. Mais conhecida internacionalmente como MacGyver, um ex-agente secreto que escapava dos perigos sempre de forma inteligente e perspicaz. Seu nome hoje é até uma espécie de gíria, para aquelas pessoas fortes, que não "morrem" em problema nenhum e que resolvem problemas dificílimos com o menor número de ferramentas possíveis. MacGyver passava pelos perigos mais esdrúxulos e nunca morria. Ele era o Chuck Norris da televisão.

Hoje em dia, agente secreto já não é mais tão profissão perigo. Existem outras profissões muito mais perigosas, apesar da simplicidade que elas aparentam. O jornalismo é uma delas. Não é de hoje que lemos notícias sobre jornalistas mortos em coberturas de guerras, em países onde a liberdade de imprensa é reprimida violentamente. Quem diria, então, que o Brasil, que gosta tanto de conclamar a liberdade de expressão, figuraria numa lista de países onde o exercício do jornalismo é arriscado? Sim. Nosso querido país está entre os 14 países mais perigosos para os jornalistas.

Essa lista é elaborada pelo Comitê para a Proteção do Jornalista, ONG que se baseia em Nova Iorque e defende a liberdade de imprensa em todo o planeta. É a primeira vez que o Brasil figura na lista, ficando em 13º lugar. Os três primeiros da lista são Iraque, Serra Leoa e Sri Lanka, países tradicionalmente violentos por conta das várias guerras sofridas ao longo dos últimos anos.

Na última década, cinco jornalistas foram assassinados no Brasil, e os casos não foram solucionados pelas autoridades, segundo o CPJ. O caso citado no relatório é o do jornalista Luiz Carlos Barbon, que denunciou, em 2003, esquema de aliciamento de menores envolvendo vereadores no município de Porto Ferreira, em SP. O jornalista foi morto em 2007, e o caso ainda não foi completamente solucionado.

Li a notícia hoje na Folha de S. Paulo [disponível apenas para assinantes do jornal, ou do Portal UOL], e um resumo está disponível também no portal Comunique-se. Tudo o que posso dizer é que o jornalismo investigativo pode ser perigoso, sim, mas que pode ser gratificante. Afinal, toda e qualquer profissão tem seus riscos. Precisa apenas ver até onde você está disposto a ir em defesa da verdade. Ou de uma suposta verdade.

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