Ah... eu, como futura jornalista, acredito ter um grande defeito: não consigo ser imparcial. E é o que a gente ouve o tempo todo, né, que um jornalista tem que ser imparcial, que ele não pode tomar partido, que ele tem que apenas mostrar a notícia, se abstendo de quaisquer comentários sobre a mesma. Não pode ter a opinião própria, tem que ter a opinião do veículo para o qual ele trabalha. Complicado. Ainda mais para uma jovem com ares de rebeldia como eu. Mas é algo que, de repente, eu possa aprender um dia.
Espero que não.
Se tornar uma pessoa imparcial, que não diferencia, ou não demonstra o lado que prefere em uma discussão, ou que não opina sobre alguma sacanagem que você vê sendo feita, é deixar de ser humano. Você precisa trabalhar, pagar suas contas, e por isso você incorpora as opiniões editoriais. Compreensível. Todo mundo precisa trabalhar hoje em dia, e jornalista não é auto-sustentável. Mas tem que haver um jeito de se alinhar com o editorial e ainda assim, dormir em paz com a sua consciência.
Li a respeito hoje, no
Blog do Sakamoto. Ele fala sobre a cobertura da guerra, que acaba sendo uma situação mais específica. Em uma guerra tem dois [ou três, ou quatro, ou cinco] lados. Em uma guerra, existe o bom e o mal. Você acaba tendo que tomar o partido, mas... você trabalha em um veículo de comunicação de massa. Você não toma partido, você noticia. É complicado. Você assiste cenas grotescas de desrespeito aos direitos humanos [às vezes, vindo de ambos os lados] e não pode dizer que aquilo é horrível? Você publica fotos de crianças sofrendo, sozinhas, desamparadas, machucadas... e fotos de soldado apontando fuzis para essas crianças, e não tem pode tomar partido?
Por conta de ver, sentir, pensar isso tudo, o
artigo do Sakamoto realmente me fez começar a refletir novamente nisso tudo. Por isso recomendo que você, não apenas futuro jornalista, mas futuro comunicólogo e... atual cidadão, leia. E dê sua opinião.
thiagomocci disse...
Eu tenho que expressar de que lado eu fico, ou eu nem mesmo tenho opinião para dizer "eu acho isso".
Logo eu, que nunca gostei do "achismo", mas se eu não achar... eu não serei mais eu. Agora, a parte que eu falo do achismo não contrapõe a escolha, nem toda escolha se "acha", não se tem certeza, enfim.
(ps: Um dia eu aprendo a comentar sem enrolar)
19 de janeiro de 2009 às 23:34
Subversiva disse...
Pois é, te achei, depois de tanto tempo.
Interessante seu texto, vivo algo parecido em minha profissão.
Sou psicóloga e dizem que não podemos nos envolver. Mas como não envolver-se, como não emocionar-se com a dor do outro, como não festejar com toda a alma uma conquista gloriosa?
Acredito que dá pra usar o bom senso e o equilíbrio, colega. Não deixar de lado nosso lado humano não significa ser pouco profissional.
Vá em frente!
20 de janeiro de 2009 às 19:03
Pamela Lima disse...
te falo amanhã. talvez com um post!
bjos ;*
21 de janeiro de 2009 às 00:04
Sardinha Mestre disse...
Hummmm.. odeio imparcialidade, pra mim todo mundo tem que tomar um lado, sei que essa parte do comunicador, do jornalista.. é complicada por que se ele tomar um lado pode ser classificado como uma pessoa que não é profissional.. mas bem.. pra deixar curto, tem um comentarista no jornal aqui de Santa Catarina, que ele comenta sobre politica e todos nós sabemos, que politica é algo complicado, justamente pq sempre existe um lado, não da pra ser imparcial, não há como ser imparcial.. e por incrivel que pareça eu acho que ele consegue ser imparcial.. e ele é um chato pq, ele fala, fala e ngm gosta dele pq ele nunca fala nada, rs.. pra ficar mais fácil amanha vou ver bem certo o nome dele e ver algo no you tube pra vc pode ver por si mesma, rs.
26 de janeiro de 2009 às 21:54
Thiago Apenas disse...
"Você acaba tendo que tomar o partido, mas... você trabalha em um veículo de comunicação de massa. "
Esse trecho diz tudo.Não se deve influenciar as pessoas com a sua opinião, porém com a opinião da instituição pode?
A discussão é bem maior do que se pensa.
30 de janeiro de 2009 às 14:54