Sobre Imparcialidade

Ah... eu, como futura jornalista, acredito ter um grande defeito: não consigo ser imparcial. E é o que a gente ouve o tempo todo, né, que um jornalista tem que ser imparcial, que ele não pode tomar partido, que ele tem que apenas mostrar a notícia, se abstendo de quaisquer comentários sobre a mesma. Não pode ter a opinião própria, tem que ter a opinião do veículo para o qual ele trabalha. Complicado. Ainda mais para uma jovem com ares de rebeldia como eu. Mas é algo que, de repente, eu possa aprender um dia.

Espero que não.

Se tornar uma pessoa imparcial, que não diferencia, ou não demonstra o lado que prefere em uma discussão, ou que não opina sobre alguma sacanagem que você vê sendo feita, é deixar de ser humano. Você precisa trabalhar, pagar suas contas, e por isso você incorpora as opiniões editoriais. Compreensível. Todo mundo precisa trabalhar hoje em dia, e jornalista não é auto-sustentável. Mas tem que haver um jeito de se alinhar com o editorial e ainda assim, dormir em paz com a sua consciência.

Li a respeito hoje, no Blog do Sakamoto. Ele fala sobre a cobertura da guerra, que acaba sendo uma situação mais específica. Em uma guerra tem dois [ou três, ou quatro, ou cinco] lados. Em uma guerra, existe o bom e o mal. Você acaba tendo que tomar o partido, mas... você trabalha em um veículo de comunicação de massa. Você não toma partido, você noticia. É complicado. Você assiste cenas grotescas de desrespeito aos direitos humanos [às vezes, vindo de ambos os lados] e não pode dizer que aquilo é horrível? Você publica fotos de crianças sofrendo, sozinhas, desamparadas, machucadas... e fotos de soldado apontando fuzis para essas crianças, e não tem pode tomar partido?

Por conta de ver, sentir, pensar isso tudo, o artigo do Sakamoto realmente me fez começar a refletir novamente nisso tudo. Por isso recomendo que você, não apenas futuro jornalista, mas futuro comunicólogo e... atual cidadão, leia. E dê sua opinião.

Juventude Transviada

O Ombudsman da Folha de S. Paulo hoje falou sobre um tema muito agradável aos meus, aos seus e aos nossos olhos: como atrair os jovens para o jornal. Bom. Eu me considero jovem, certo, afinal, 25 anos não é nem a metade de uma vida bem vivida. Desde que me entendo por gente, eu leio revistas e jornais. Claro que depois que eu decidi que jornalismo seria minha carreira, a leitura de um jornal diário se tornou praticamente [eu disse PRATICAMENTE] obrigatória, e como eu não estava tendo mais tempo de entrar na internet para ler as notícias, resolvi assinar um jornal. Confesso que tem dias que, da mesma forma como ele é jogado no meu portão, assim permanece até o dia seguinte, quando a culpa me consome e eu resolvo pegar o jornal do dia e devorá-lo. Bom, as notícias que me interessam, pelo menos.

De qualquer forma, eu fui atraída para o jornal não apenas pela minha profissão. Mas também porque sempre achei importante ler, sempre achei importante saber O MÍNIMO do que acontece no mundo, e considerando que nunca fui grande fã do telejornal, prefiro realmente abrir o jornal e ficar uma meia hora ruminando notícias, do que ficar sentada na frente da tevê olhando pra cara do William Bonner. Bom... se tivesse no mudo, ainda vá, mas isso não é assunto para este blogue.

Agora, quando eu li o que o ombudsman da Folha diz, sobre atrair os jovens para o jornal, é algo que eu efetivamente não sei dizer para ninguém como fazer. Percebam vocês o tipo de jovens que temos no mundo hoje em dia: os que têm acesso à internet, vão procurar notícias [ha, ha, ha] na internet. Os que tem a televisão, bom, vão assistir televisão, e provavelmente, assim como eu, não vão querer assistir telejornal, e sim, Caminho das Índias, ou BBB. Fora que, percebam, jornal está caro. Tá, eu assino a Folha, e sei que tá caro. Mesmo para assinante, que ainda pega com desconto, comparando com o preço de banca. Ainda que existam jornais mais baratos.

Eu acredito, numa opinião pessoalmente pessoal e totalmente minha, que o jovem não lê jornal por um motivo absolutamente simples, e que aí isenta o jornal de qualquer culpa: ele não gosta de ler. Simples assim. Como é que você quer chamar a atenção de alguém que, a priori, já não gosta do seu produto? Antes de se perguntar como fazer para atrair mais jovens, o jornal deveria pensar: como posso fazer para que os jovens apreciem mais a leitura? E aí sim, entrar com programas de leitura em escolas públicas é uma idéia, criar suplementos especialmente voltados para os jovens [como é o caso do FolhaTeen], com mais conteúdos. O FolhaTeen por exemplo, é bem legal, traz sempre matérias que interessam aos jovens, mas... é muito curto. Além de sua periodicidade [uma vez por semana] deixar uma janela muito grande de falta de conteúdo para o jovem. Precisa atrair os jovens aos poucos para o jornal, mas não TÃO aos poucos.

O que eu acho que seria uma idéia legal é, dentro do suplemento o jornal ter links [exato, como se fosse internet mesmo] para outros cadernos, como o Cotidiano, ou Dinheiro, ou Esporte. Fazer o cara se interessar por algo além daquele pequeno suplemento semanal. Instigar a curiosidade, criando uma matéria que fosse ter sua continuação num caderno de domingo, como o Mais!. Enfim, uma idéia. Que talvez eu até mande pro ombudsman [isso se alguém não roubar daqui antes, né... ¬¬]

Enfim. Como vocês aí, jovens leitores, leitores, ou senhores leitores, pensam que poderíamos atrair mais jovens para o jornal?

Gaza é aqui

Muita coisa acontecendo essa semana, as férias que eram para ter começado na segunda feira foram canceladas, e por isso vocês não viram mais minha cara neste blogue. Mas tudo bem, porque vocês também não viram a cara da Sirlene nem da Karina, autoras também deste humilde blogue.

Sem mais delongas. O assunto da vez, aliás, UM dos assuntos da vez, perdido no eio de assuntos tão relevantes quanto o fim da novela ou o começo do BBB, é a guerra na Faixa de Gaza. Claro, violência sempre gerou ibope, não é de hoje. Pão e circo, essa história é antiga. Mas a história da violência em Gaza tem aquele particular que a imprensa adora discutir, que é a censura que o governo de Israel impôs. A cobertura se torna praticamente impossível, e é claro, jornalistas engajados [ou muito bem remunerados] ainda arriscam suas próprias vidas para tentar trazer um mínimo de informação [ou o máximo que conseguem] para o outro lado do mundo.

Mas... e sempre tem um mas... a guerra não está assim tão longe. Está logo aqui do lado.

Cobrir o estado de sítio que a cidade do Rio de Janeiro, por exemplo, vive, também não é nada fácil. Poucos se arriscam. Os que se arriscam, correm o risco de acabar virando a notícia, como foi o caso do Tim Lopes. Falar a respeito da violência nos interiores do país, onde fazendeiros-coronéis são verdadeiros ditadores locais, que dizem o que a população pode ou não fazer, também não é fácil. Talvez porque não seja do interesse das pessoas. Talvez porque não seja do interesse dos grandes grupos de comunicação. Talvez porque cada guerra tenha um interesse guardado, e essas guerras interiores que vivemos no Brasil não tenha interesse para ninguém mesmo.

Pensei nisso ao ler este texto no blog do Noblat. Pensei nisso ao ver a violência diária à qual somos expostoso o tempo todo, e fazemos como se não fosse conosco. Pensei nisso ao ver o quanto essa história toda de guerra me cansa, como se fosse apenas mais um capítulo da novela. Não é, é a vida de verdade, acontecendo, pessoas morrendo porque seus respectivos governos não ligam para elas, ligam para o lucro. É isso. Guerra é por lucro. Sempre alguém sai lucrando. E isso é o triste.

Até quem comunica a guerra sai lucrando. E acho isso mais triste ainda.

Leia o texto recomendado de hoje. Vale a pena.

Hoje não tem pesquisa. Não tem links. Bom, na verdade vai ter uma propaganda no final.

É que o assunto veio na cabeça enquanto eu lia esse determinado link e pensei: nós, estudantes de jornalismo, em grande maioria, somos muito pretensiosos. Às vezes entramos na faculdade já pensando "quero ser âncora do JN". Bobagem, da mais pura e simples. O jornalismo não se resume aos grandes centros jornalísticos do país, vide Rede Globo [que engloba a TV Globo, o jornal O Globo e o canal Globo News de televisão, além da CBN e da Rádio Globo, e tantos outros meios que prefiro não enumerar], Folha de S. Paulo, Editora Abril, O Estado de S. Paulo, enfim... deu pra pegar a idéia? O jornalismo não é só isso.

Preparem-se para o golpe: seja lá quem edite, quem escreva as matérias, e quem pesquisa o material, a revista Contigo, Caras, Amiga TV Tudo [que, pelo que pesquisei, não existe mais]... o TV Fama, A Tarde é Sua [da Sônia Abrão], o Ego [da mesmíssima Rede Globo], quer você queira aceitar ou não, TAMBÉM É JORNALISMO!

Para tudo e chama a Nasa, Ana P. Chama não, relaxa, eu não estou ficando louca, é isso mesmo que você está lendo. São jornalistas [não só jornalistas, tá, pode até ser] que fazem essas matérias, são jornalistas que dedicam sua vida a publicar notícias que você, estudantezinho de jornalismo, que se acha tão cult e politicamente engajado, considera inúteis.

O que eu acho? Se as notícias fossem realmente inúteis, não venderia. Não existiram esses canais de comunicação. Existem pessoas interessadas nesses assuntos, e nada mais natural que alguém que forneça a informação.

Aí você está no primeiro ano da faculdade e ouve muita gente falando que "J-A-M-A-I-S que eu trabalharia no programa da Luciana Gimenez". Preconceito puro e imbecil [me desculpe se você é uma dessas pessoas]. O melhor que eu posso ver pra essa pessoa daqui uns anos é ela trabalhando justamente nesses mesmos veículos que ela tanto critica.

Eu, muito sinceramente? Adoro essas notícias menos relevantes. Aliás, um dos sites que eu assino no meu Reader é justamente o Te Dou Um Dado?, que trata exclusivamente dessas notícias lançadas na imprensa, de uma forma bem humorada e crítica. É uma visão diferente sobre temas que os futuros jornalistas [e acredito que muito jornalista já formado, batizado e experimentado] tanto procuram distância.

Estava eu totalmente sem inspiração para escrever aqui [não me levem a mal, uma semana antes das férias parece que dobra a quantidade de coisas que você tem a fazer!], procurando por alguma notícia, algum artigo que me levasse a pensar e refletir e tentar achar alguma solução para os muitos problemas da comunicação, da política e cultura nacionais, quando... eis que me deparo com algo que, afinal, tem tudo a ver com este espaço!

Blogs podem ser usados com fins educativos, diz pesquisadora

Sim, poucos, mas queridos leitores deste blogue! Os blogs não só podem, COMO DEVERIAM ser usados com fins educativos, desde que sabiamente explorados pelos nossos educadores. Porque a internet tanto pode ajudar na educação dos seres humanos, como pode ser o destruidor oficial de qualquer aprendizado para o aluno. É bem uma faca de dois gumes mesmo. Este blogue, inclusive, nasceu de um trabalho acadêmico, solicitado pela professora da disciplina de Produtos Comunicacionais. Eu, que já sou macaca velha em blogue, não senti grandes dificuldades em pesquisar assuntos, escrever de uma forma mais culta [afinal, não deixava de ser um trabalho acadêmico], e peguei até gosto pela coisa, descobrindo portais e ferramentas extremamente úteis, que se não fosse por este blog, me passariam despercebidas!

De qualquer forma, eu acho que a tal da inclusão digital vai muito além de "vou fazer um orkut e adicionar 4973 amigos que eu nunca vi na vida", ou "vou criar alguma frase de efeito para colocar no meu MSN e assim todo mundo vir falar como eu sou inteligente". Ainda há aqueles que até criam blogs, mas que a produção destes fica, digamos, muito abaixo do nível necessário para se considerar o blogue uma ferramenta educacional, não há como contestar.

Quem sou eu para criticar? Já tive blog-cor-de-rosa-com-declarações-de-amor-eterno-para-o-namorado, que, convém lembrar, já não é mais sequer amigo.

Acho que essa idéia do blog como ferramenta auxiliar na educação do jovem brasileiro pode, sim, vingar. A única coisa que pega é que estamos criando uma geração de jovens que não lêem livros, não lêem jornais nem revistas, já acham trabalhoso ler qualquer panfleto educacional. Periga que o blog seja apenas uma extensão dos vários erros ortográficos e gramaticais que estamos já habituados a ver em redações de vestibulares, ENEM's e concursos públicos da vida.

Pode usar o blog? Pode. Mas antes de partir pra esse mundo digital, precisa melhorar a qualidade da educação no mundo real. Despertar no aluno o interesse [e a consciência] de ler mais para escrever melhor. Sabendo pesquisar em livros, revistas e jornais "de verdade", por assim dizer, os alunos já terão uma noção melhor de como pesquisar em sites e artigos publicados na internet.

Para que, a partir daí, eles criem seus próprios artigos. Ou, como eu faço por aqui, arremedos de artigos!

Antes do tempo, como sempre. Não consegui ficar parada, sem ler nem escrever nada nestes dias de festa, até mesmo porque, como não viajei, o que eu mais fiz foi mesmo escrever e ler.

E ler coisas como essa, como diria Simão, no país da piada pronta. É inacreditável o poder da justiça em nosso estimadíssimo país. Independente de ser o caso do jornalista Tim Lopes ou não, o que vem ao caso é que eles são comprovadamente assassinos. Agora eles se comportaram bem na cadeia [vá saber o que esse povo da justiça considera "bom comportamento". Para a minha pobre mente ignorante, MATAR não é, nem de longe, bom comportamento], então eles terão direito ao regime semi-aberto.

Dá dois dias pra eles. Quem quer bater uma aposta comigo que pra cadeia eles não voltam?

Tem um ditado muito inteligente que diz que Deus não dá asa a cobra. Mas a justiça brasileira, sim. Isso é apenas um exemplo para quantos bandidos quiserem matar jornalistas, por exercerem um trabalho de investigação e informação ao público: não se meta na área do crime, senão vai sobrar chumbo pra você. Dá pra você trabalhar tranquilo [o trema morreu na passagem do ano, ainda estou me habituando], sabendo que, se o seu trabalho mexer com os brios de alguém da alta criminalidade, você vai morrer, e o cara ainda pode ser libertado alguns anos depois por "bom comportamento"?

Devemos cobrar um pouco mais da justiça desse país. Devemos nós, que fazemos parte da mídia, divulgar e fazer com que as pessoas abram suas mentes e vejam, esses cidadãos [cidadãos?] ainda não estão prontos para voltar ao convívio da sociedade. Se é que algum dia estarão. Então eles merecem a liberdade, ainda que semi-liberdade, que um dia eles negaram ao jornalista?

É claro que, na minha grande utopia, o crime nem deveria existir. Aí entram aquela galera dos direitos humanos, que dizem que as cadeias estão super lotadas, e que quem se comporta bem tem que ter uma segunda chance e tudo mais.

Quem vai dar a segunda chance ao Tim? Ou a tantas outras pessoas que morrem nas mãos impiedosas dos donos do morro? Quem vai dar uma segunda chance para que o crime não mais exista no Brasil?

Já sei, grande utopia, Ana P. Não custa nada sonhar. Não custa nada tentar, mesmo que de uma forma tão pequenina e inocente como um simples blog estudantil, fazer com que algumas pessoas reflitam. E compartilhem.

Começo de ano, o blog está aberto a sugestões. Logo teremos novas enquetes, para tornar esse aqui um espaço mais interativo. E novidades, muitas, já que, a partir de 12 de janeiro, estarei de férias do trabalho oficial [aquele que me paga para que eu possa pagar pela internet que faz com que eu tenho acesso a vocês], mas com o pique total por aqui!

Feliz Ano Velho pra gente. Começamos bem...

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